segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Comparativo: Uno Way X Gol Rallye

Uno Way e Gol Rallye fogem do cinza. Eles trazem cores vibrantes e uma receita leve de off-road, para quem gosta de sair do asfalto.

As diferenças técnicas não são muitas. Os veículos aventureiros costumam ser variações muito leves de suas versões normais. Às vezes a carroceria é um pouco mais alta. Eventualmente os pneus são trocados. Mas o que conta é o visual, e nisso a dupla verde e amarela desse comparativo se destaca. Há seis meses, o Uno causava frisson no trânsito, por ser novidade.
Hoje, o modelo da Fiat é figura fácil nas ruas. Mas saia com o Uno Way 1.4 (R$ 32.480) verde e você volta a ser atração. O mesmo vale para o Gol Rallye 1.6 (R$ 40.700) amarelo. Seja pelos adereços, seja pela cor, eles se destacam do padrão cinza e prata que toma conta da cidade, estampando carros e prédios. Nosso embate começa na cidade e faz uma leve incursão na terra. Mas só para adicionar um pouco mais de mato verde e terra marrom à paisagem. Enfim, para fugir do cinza.




Começando pelo visual, a briga já parte em alto nível. Ambos investem na caracterização aventureira, mas sem exageros. Os para-choques, a grade, as molduras nas caixas de roda e as largas faixas laterais sem pintura deixaram o Uno com jeito de carro menos comportado, mais jovial. Idem para o rack no teto. A Volkswagen adotou mais ou menos a mesma receita, mas mudou um pouco o tempero. Em vez de manter o para-choque inteiro sem pintura, no Gol apenas a parte inferior é preta. As molduras de caixa de roda também foram adotadas. Os faróis auxiliares são enormes (como no CrossFox), e o aerofólio recebeu uma extensão de plástico preto. Ambos vêm com lanternas e faróis escurecidos. O Uno transmite mais simpatia, enquanto o Gol passa ideia de maior agressividade.



Antes de vasculhar o interior, vamos ver o que eles escondem sob a carroceria. O Uno Way é 1,5 cm mais alto que os modelos normais, por causa dos pneus com banda lateral maior (Pirelli Scorpion 175/70 R14, de uso misto). Com seus 19 cm de altura livre, consegue bom desempenho na terra, com menor possibilidade de raspar em obstáculos. O Gol Rallye é 2 cm mais baixo que o Uno (17,1 cm de altura), mesmo sendo 2,8 cm mais alto que o modelo normal.

Nosso rápido passeio pela terra revelou que o Uno oferece maior aderência, por conta dos pneus de uso misto. No Gol, os Pirelli P7 205/55 R15 são mais urbanos que eu. Durante a sessão de fotos, Ricardo Fiorotto, diretor de arte, confirmou que na terra solta eles perdiam aderência mais facilmente que os do Uno. Mas Fiorotto ficou com a impressão de que a suspensão do Gol estava mais firme e adequada para uso off-road. O Gol balança menos nas curvas, e permite melhor controle.

Faz sentido: enquanto o Way tem a mesma suspensão (macia) da linha Uno, o Gol Rallye passou por alterações mais profundas. Amortecedores, molas, barra estabilizadora e até o eixo traseiro foram trocados. Tudo isso para reforçar o conjunto e manter a dirigibilidade, apesar da maior altura. Andando, a gente constata que o objetivo foi alcançado. O Gol Rallye é firme em curvas e retas, e tem a direção precisa. O Uno balança mais.





Falando em direção, vamos entrar para ver se a bela impressão causada pelos dois do lado de fora continua por dentro. Ambos são modernos, mas o Uno tem soluções mais joviais, alegres. O Gol segue uma linha mais sóbria e funcional. Os instrumentos do painel, por exemplo, acompanham o conhecido esquema da marca: velocímetro e conta-giros lado a lado, com display central para informações do computador de bordo. A diferença, no caso do Rallye, é que o grafismo é branco, e o display é vermelho. No Uno, a forma levou vantagem sobre a função. Explico: o quadro de instrumentos é belo e inusitado. Todo mundo que viu elogiou. Mas o conta-giros (analógico) é pequeno, assim como as barrinhas digitais que indicam o nível de combustível.

O acabamento é apenas razoável em ambos. Os dois empregam plástico rígido no painel, mas ambos vêm com laterais de portas parcialmente revestidas de tecido. O revestimento dos bancos repete a filosofia de cada marca: mais alegre no modelo de origem italiana; mais recatado no alemão. As costuras dos tecidos, porém, revelam mais cuidado e precisão no VW. 




Em termos de desempenho, o Gol não dá a menor chance ao Uno. Com motor 1.6 VHT (104 cv com álcool), o Rallye fez 0 a 100 km/h em 11,4 segundos. Com motor 1.4 de 88 cv, o Uno Way precisa de 2 segundos a mais para alcançar essa velocidade (13,5 s). Além disso, o modelo da VW tem funcionamento mais silencioso, evidenciando que o cuidado com o isolamento acústico foi superior.

Em baixa rotação, o Uno mostrou aceleração irregular, fazendo com que às vezes ele respondesse aos trancos. Não apresentou a mesma linearidade de funcionamento dos outros Unos que passaram pela redação, e ficou muito longe da suavidade do Gol. Em compensação, o Fiat foi mais econômico: fez média de 9,0 km/l com álcool entre cidade e estrada, número que caiu para 7,6 km/l no Gol.

Quanto ao câmbio, outro show do VW. A transmissão MQ200 do Gol oferece engates macios e precisos. Tem a mesma relação dos demais Gols, mas, para compensar o pneu maior, a relação do diferencial foi encurtada. Assim, praticamente não houve alteração no desempenho. No Uno, os engates não são tão precisos, e a alavanca tem curso um pouco longo. Nele, houve redução tanto na relação do diferencial como na da quinta marcha. O efeito colateral é que a 120 km/h o motor "grita" a 4.000 rpm (3.250 giros no modelo da Volkswagen).
Ambos estavam com cerca de 9 mil km rodados, mas o Uno evidenciou mais problemas para um carro tão novo: a regulagem manual do retrovisor direito estava quebrada, e a luz do freio no painel ficava piscando o tempo todo. No Gol, o botão do vidro elétrico também estava enroscando.
Gostei da eficiência do desembaçador elétrico dianteiro do Fiat. Tem filetes praticamente invisíveis, mas quando acionado desembaçou rapidamente o para-brisa. É equipamento opcional, para modelos sem ar-condicionado.



A posição dos botões dos vidros do Uno, no painel, não é a ideal, mas também não compromete. No Fiat, não há controles de som no volante, ao contrário do que ocorre no VW. Opcionalmente, o Gol pode vir com o ótimo volante que começou no Passat CC, e hoje está em boa parte da linha. Ele abriga os comandos do som, computador de bordo e do câmbio automatizado (I-Motion, opcional).
Além disso, o revestimento escuro do teto confere um aspecto bem esportivo ao interior do Gol. Deixa o carro "mais quente". O problema é que nesse carro "mais quente" o ar-condicionado é opcional (aliás, em ambos). Por R$ 40 mil, o ar até que poderia ser de série. Essa disputa ele leva, mas fica aí a dica para a VW. Que tal um refresco para quem comprar o Rallye?
Fonte: Auto Esporte


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